Santa Catarina está entre os três estados do país com maior lucro no tráfico de crack - Diário Gaúcho
O homem responsável por definir os parâmetros de combate ao tráfico no país explica que o fato da população ter uma renda per capita acima da média nacional atrai vendedores de drogas.
Renda da população, acima da média nacional, atrai o comércio no Estado
Santa Catarina está entre os três estados brasileiros com maior rentabilidade no comércio de crack, revela o delegado Oslaim Campos Santana, coordenador Geral de Polícia de Repressão à Entorpecentes do Departamento de Polícia Federal em Brasília. O Rio Grande do Sul e São Paulo são os outros estados.
O homem responsável por definir os parâmetros de combate ao tráfico no país explica que o fato da população ter uma renda per capita acima da média nacional atrai vendedores de drogas.
Mercado cobiçado
O mercado catarinense é cobiçado pelos traficantes porque os carregamentos são vendidos mais rápido. O valor pode ser reinvestido na compra e transporte do crack, que será comercializado em menos tempo em comparação com outros estados. O mecanismo vale para as demais drogas também.
O delegado diz que a lógica é a mesma que faz dos Estados Unidos, dono do maior Produto Interno Bruto (PIB), o principal mercado consumidor de drogas do mundo.
Dinheiro é o objetivo dos traficantes resume o delegado de Repressão à Entorpecentes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais, Cláudio Monteiro. Prova disso são os principais mercados consumidores catarinenses: Grande Florianópolis, Joinville, Itajaí, Balneário Camboriú e Navegantes. Atrás, mas com volume de tráfico considerável, aparecem Criciúma e Chapecó.
Epidemia
Monteiro declara que a própria opção do crack demonstra como o aspecto financeiro direciona a ação das quadrilhas. Assim como a cocaína, a droga que se tornou uma epidemia nos últimos anos, tem um margem de lucro muito acima da maconha.
Outro fator que incentiva o tráfico de crack é a mudança no perfil dos usuários. Monteiro declara que o estigma de droga de bolsões de pobreza é coisa do passado. Hoje, todas as classes sociais têm pessoas dependentes da pedra.
Para suprir a demanda, os traficantes agem de todas as formas possíveis. Existem grupos pequenos que vão até a fronteira com o Paraguai buscar um quilo da droga. Há quadrilhas que se juntam em consórcios para comprar uma quantidade maior e assim ter poder de barganha na negociação.
Plano federal contra o crack
O Plano Integrado para Enfrentamento do Crack, lançado na semana passada pelo governo federal, pretende impedir que a droga sequer entre no país. Um dos pilares é aumentar a fiscalização na fronteira com o Paraguai.
O coordenador Geral de Polícia de Repressão à Entorpecentes do Departamento de Polícia Federal, delegado Oslaim Campos Santana declara que serão deslocados 1,2 mil policiais para o Paraná e Mato Grosso do Sul.
O reforço permanecerá nos locais por tempo indeterminado e o principal objetivo será apreender pasta base, matéria prima para o crack.
Decreto
Oslaim diz que o decreto que criou o plano prevê um acordo com o Ministério da Defesa para trabalhos conjuntos com as Forças Armadas. Outro reforço será o uso do Veículo Aéreo Não-Tripulado (veja mapa ao lado) a partir de junho. Todo aparato será direcionado para a logística da rota do tráfico de crack que, no caso do Sul, é produzido na Bolívia, e atravessa o Paraguai antes de entrar no Brasil.
Mas se o plano parece avançar no Departamento de Polícia Federal, a integração com Santa Catarina não está azeitada. O ponto mais elogiado por especialistas foi tratar do problema de forma multidisciplinar, agregando repressão, saúde e políticas públicas.
No entanto, após uma semana do lançamento as secretarias de Segurança Pública, Saúde e Assistência Social do Estado não receberam nenhum contato, documento ou orientação do governo federal.
A Secretaria Nacional Anti-drogas foi procurada, mas a assessoria de imprensa informou que não havia espaço na agenda para esclarecimentos.
Fonte: Jornal Diário Gaúcho