Psiquiatra argentino apresenta o XI Mandamento
Hoje, aos 10 Mandamentos da Bíblia deveria ser acrescentado mais um: "Dirás não às drogas", preconiza o psiquiatra e psicanalista argentino Eduardo Kalina, conferencista desta quinta-feira, no segundo dia do Congresso Internacional Crack e outras Drogas, no Salão de Atos da UFRGS.
Hoje, aos 10 Mandamentos da Bíblia deveria ser acrescentado mais um: "Dirás não às drogas", preconiza o psiquiatra e psicanalista argentino Eduardo Kalina, conferencista desta quinta-feira, no segundo dia do Congresso Internacional Crack e outras Drogas, no Salão de Atos da UFRGS.
Radicalmente contra o uso de qualquer drogas, incluindo o cigarro, o diretor- médico do Instituto Brain Center, em Buenos Aires, defendeu a informação como uma importante forma de prevenir o uso de entorpecentes. Segundo Kalina, a educação contra as drogas deve começar ainda na infância. “Crianças de seis anos já têm condições de falar sobre drogas , por isso é preciso conversar com elas e mostrar as consequencias”.
Ele criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defendeu a liberação da maconha. “A maconha, como o cigarro, é altamente cancerígena. Temos que tratar as drogas como questão de saúde e não econômica”. Segundo ele é um erro dizer que devermos liberar a maconha para controlar o mercado e a qualidade do que é consumido. “É uma erro e demonstração de desconhecimento do vício. Temos de entender que esta é uma doença extremamente contagiosa , pois quando uma pessoa começa consumir uma drogas, sabemos que estatisticamente significa quatro novos usuários.”
Kalina usou o desenho Popeye para explicar como o usuário se sente ao consumir entorpecentes. “ Quando Popeye perde a Olívia, que é o seu amor, e começa apanhar do Brutus, o que lhe salva é um substância que dá força e coragem. No desenho é o espinafre, mas poderia ser qualquer coisa que provocasse este sintoma de onipotência, efeito de muitas drogas consumidas pela juventude”.
Segundo o psiquiatra, não existe a possibilidade de saúde e de crescimento em um ambiente em que os entorpecentes transitem livremente. "E quando chegamos ao crack, uma droga extremamente agressiva, que danifica o cérebro, especialmente na zona frontal, onde está a capacidade de pensar 'faço ou não faço', quando isso se perde, perde-se tudo. Sobra somente o instinto".
Para Eduardo Kalina, chegou a hora de mostrar à sociedade e à juventude de que o consumo de drogas tem consequências. "Por isso é importante tudo que possamos fazer agora. É uma emergência mundial".
Responsável pela recuperação do ex-jogador de futebol e hoje técnico da seleção argentina, Diego Maradona, o psiquiatra aponta o craque como um exemplo de que a recuperação é possível. "Maradona foi tratado contra a vontade, por ordem judicial. O caso dele mostra que é perfeitamente viável tratar alguém contra a vontade. Depois de vários meses internado, conseguimos algo muito importante, que foi a regeneração neuronal. Isso não ocorre sempre. Então, o melhor é não ingressar nesse ambiente de consumo de drogas" ressaltou Kalina.