Procurador-geral do AM suspeito de <br> tramar a morte de colega é preso
O procurador-geral de Justiça licenciado do Amazonas, Vicente Cruz Oliveira, 61, foi detido pela Polícia Civil na madrugada desta terça-feira (9/1) acusado de contratar um pistoleiro para matar, por R$ 20 mil, o também procurador Mauro Campbell Marques, concorrente em sua tentativa de reeleição ao cargo.
O crime não chegou a ocorrer. A suposta encomenda, deduzida pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas a partir de escutas telefônicas feitas com autorização judicial, foi abortada quando Cruz Oliveira soube que a trama era investigada. Ele nega a acusação.
Além de Oliveira, que está detido na sede do Ministério Público, foram presos os supostos agenciadores (um casal de Manaus) e um ex-presidiário. Marques disse ver como razão para a tentativa de seu assassinato a eleição - ele diz que sempre teve relação cordial com Cruz Oliveira. "No meu segundo mandato de procurador-geral (2001-03), ele [Oliveira] era até meu subprocurador."
Ambos servidores há 18 anos, eles eram os únicos procuradores na eleição pelo cargo, que paga R$ 22 mil. Os outros candidatos eram promotores.
A legislação garante a Oliveira o direito a prisão domiciliar. Ele deve ser transferido para sua casa. Nem a Secretaria de Segurança Pública nem a Procuradoria soube dizer por qual crime ele seria acusado. A Procuradoria decidiu criar uma comissão para averiguar o caso. O resultado será enviado ao Tribunal de Justiça do Amazonas.
O governador Eduardo Braga (PMDB), responsável pela escolha do procurador-geral, disse que não iria se pronunciar sobre o caso, em respeito à autonomia do Ministério Público. As suspeitas sobre a suposta trama foram levantadas por Marques na sexta-feira (5/1). Um advogado que conhecia o ex-presidiário procurou o secretário-geral do Ministério Público, que colocou o advogado em contato com Marques. Depois de ouvir a história, ele a relatou ao governador, ao secretário de Segurança e ao procurador-geral em exercício. Além de escolta policial para o procurador, foi solicitada à Justiça a autorização para grampear os telefones dos agenciadores.
A suposta participação de Oliveira só foi apontada anteontem, quando, após saber das investigações, telefonou a um dos agenciadores para abortar a ordem e pedir que o agenciador fosse à sua casa, junto com o ex-presidiário. A polícia os seguiu até lá e logo foi pedida a prisão de Cruz.
Fonte: Folha de São Paulo