Posse no TRE com duros ataques à falta de ética
O novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Leo Lima assumiu o cargo em solenidade na noite desta terça-feira (30/5). Lima substituirá o desembargador Roque Miguel Fank, que voltará ao Tribunal de Justiça. Na vice-presidência, assumiu o desembargador Marcelo Bandeira Pereira. Lima chega à presidência com o desafio de comandar o TRE num ano eleitoral. A cerimônia, com o governador Germano Rigotto à frente das principais autoridades, foi marcada por pronunciamentos com duros ataques aos políticos corruptos.
A troca da presidência do TRE) foi marcada por muitas críticas aos representantes públicos tidos como desonestos e às más práticas políticas no Brasil. Os desembargadores Leo Lima e Roque Miguel Fank conclamaram a população "a combater, pelo voto, a corrupção que envergonha o país".
Segundo Lima, além de estar atenta às propostas, a população deve escolher representantes de boa índole. "Mais do que tudo, falta caráter aos políticos que se abraçam à corrupção", disse o desembargador, que tem pela frente a tarefa de presidir o TRE num ano eleitoral. Além de formar opinião, disse, os eleitores devem agir. "Não podemos mais ficar na posição confortável da crítica contemplativa ante a corrupção endêmica que tomou conta do país", argumentou. O momento, destacou, é de depuração: "É preciso extirpar os frutos podres da política. Não é corerente permanecermos paralisados enquanto a corrupção engole como um monstro insaciável o legado de ética deixado por nossos antepassados". Lima salientou, porém, que é preciso separar representantes públicos honestos e desonestos para evitar, segundo ele, a falsa idéia de que a política está inteiramente contaminada. Ressaltou ainda que a história e a imprensa apontam que o Rio Grande do Sul tem proporcionalmente melhores políticos em relação a outros Estados. Lima lamentou que a minirreforma política tenha resultado brando quanto ao rigor necessário para que a próxima campanha transcorra em bom nível. "Ficou muito aquém do esperado. Faltou rigor aos abusos e incriminar o caixa 2", analisou.
O tom grave marcou o discurso de despedida do desembargador Fank, que descreveu o cenário atual como de crise da democracia representativa sem reação da sociedade. Avaliou que os eleitores sofrem progressivo processo de alienação e transferem direitos políticos a representantes que, muitas vezes, não os honram. "Os partidos, que não raro contemplam com altos cargos os corruptos que acolhem, não podem aprisionar o pensamento da sociedade", afirmou, salientando a necessidade de o cidadão comum se envolver na política. Fank disse que a infidelidade faz com que os partidos sempre busquem novas celebridades, artistas ou esportistas, que logo se tornam independentes e os trocam como se negociassem luvas e benefícios adicionais. "Este é o ciclo vicioso que alimenta o chamado baixo-clero", enfatizou.
Fonte: Jornal Correio do Povo