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Notícias
O desafio do tratamento
O Painel apresentado nesta manhã teve como tema o tratamento dos usuários. Sob a mediação de Flávio Pechansky, os três convidados, Javier Lugoleos Cano (México), Ana Cecília Marques (Abead) e Solange Nappo (Unifesp), abordaram o tema.
O Painel apresentado nesta manhã teve como tema o tratamento dos usuários. Sob a mediação de Flávio Pechansky, os três convidados, Javier Lugoleos Cano (México), Ana Cecília Marques (Abead) e Solange Nappo (Unifesp), abordaram o tema.
"Ninguém pode se livrar de um vício atirando-o pela janela. É preciso usar a escada, degrau por degrau”. Este pensamento de Marc Twain fez parte da apresentação do médico mexicano Javier Cano, primeiro palestrante da manhã de quarta-feira (8). Membro do Centro de Integração Juvenil, entidade não lucrativa que atua a área da drogadição, trabalha há mais de dez anos com usuários de entorpecentes. De acordo com Cano, cada usuário possui características particulares, portanto certos tratamentos podem funcionar enquanto outros não. São muitos os fatores que devem ser levados em consideração ao se optar por um tratamento, entre eles o tipo de adição, a estrutura emocional e o ambiente familiar e social.
A importância da família no tratamento foi destacada por ele, assim como o comprometimento da equipe técnica envolvida, que deve ser multidisciplinar. “É importante levar em consideração as necessidades especiais de cada um, fazer o diagnóstico adequado e estar preparado para receber os pacientes com uma equipe capacitada, um programa estruturado, além do contrato terapêutico”. Um dos principais lemas utilizado pelo Centro é “Não sejas forte, sejas inteligente”, pois somente a força de vontade não é o suficiente para afastar o usuário das drogas, explicou o mexicano.
A psiquiatra Ana Cecília Marques doutora em Ciências pela UNIFESP e pesquisadora
do INPAD concorda com Cano no que se refere à necessidade de uma equipe multidisciplinar e qualificada para tratar usuários de drogas, principalmente crack. Segundo ela, uma das dificuldades de se lidar como usuário de crack é a grave síndrome de abstinência e as recaídas rápidas, que fazem o paciente voltar a consumir a droga na mesma quantidade que fazia antes.
Solange Nappo, pesquisadora da UNIFESP, traçou um panorama sobre a inserção do crack na sociedade. Este nocivo fenômeno ocorre há aproximadamente 20 anos e, desde lá, sofreu constantes mudanças: na estratégia utilizada pelos traficantes, no perfil do usuário e na maneira de uso da droga.
“O crack surgiu, primeiramente, como uma via alternativa para aqueles usuários que queriam resguardar-se do risco de contaminação por DST/AIDS, ocasionado pela utilização da cocaína por via endovenosa”, conta. Segundo ela, inicialmente o traficante introduziu o crack em São Paulo. “Era interessante formar um mercado consumidor para esta droga, visto que a rápida duração do efeito assegurava amplo mercado consumidor”. De acordo com Nappo, a baixa expectativa de vida e o comportamento desfuncional dos chamados pedreiros fez os traficantes recuarem por algum tempo, até identificarem uma solução. Atualmente o tráfico encontrou na mistura da pedra à maconha uma opção de venda mais compensadora, pois reduz os efeitos negativos, inicialmente associados aos usuários, como a morte prematura o descontrole emocional. “Fazendo uso associado, atualmente temos registro de usuários que sobrevivem até 10 anos, o que demonstra uma adaptação aos efeitos da droga ”, concluiu.
"Ninguém pode se livrar de um vício atirando-o pela janela. É preciso usar a escada, degrau por degrau”. Este pensamento de Marc Twain fez parte da apresentação do médico mexicano Javier Cano, primeiro palestrante da manhã de quarta-feira (8). Membro do Centro de Integração Juvenil, entidade não lucrativa que atua a área da drogadição, trabalha há mais de dez anos com usuários de entorpecentes. De acordo com Cano, cada usuário possui características particulares, portanto certos tratamentos podem funcionar enquanto outros não. São muitos os fatores que devem ser levados em consideração ao se optar por um tratamento, entre eles o tipo de adição, a estrutura emocional e o ambiente familiar e social.
A importância da família no tratamento foi destacada por ele, assim como o comprometimento da equipe técnica envolvida, que deve ser multidisciplinar. “É importante levar em consideração as necessidades especiais de cada um, fazer o diagnóstico adequado e estar preparado para receber os pacientes com uma equipe capacitada, um programa estruturado, além do contrato terapêutico”. Um dos principais lemas utilizado pelo Centro é “Não sejas forte, sejas inteligente”, pois somente a força de vontade não é o suficiente para afastar o usuário das drogas, explicou o mexicano.
A psiquiatra Ana Cecília Marques doutora em Ciências pela UNIFESP e pesquisadora
do INPAD concorda com Cano no que se refere à necessidade de uma equipe multidisciplinar e qualificada para tratar usuários de drogas, principalmente crack. Segundo ela, uma das dificuldades de se lidar como usuário de crack é a grave síndrome de abstinência e as recaídas rápidas, que fazem o paciente voltar a consumir a droga na mesma quantidade que fazia antes.
Solange Nappo, pesquisadora da UNIFESP, traçou um panorama sobre a inserção do crack na sociedade. Este nocivo fenômeno ocorre há aproximadamente 20 anos e, desde lá, sofreu constantes mudanças: na estratégia utilizada pelos traficantes, no perfil do usuário e na maneira de uso da droga.
“O crack surgiu, primeiramente, como uma via alternativa para aqueles usuários que queriam resguardar-se do risco de contaminação por DST/AIDS, ocasionado pela utilização da cocaína por via endovenosa”, conta. Segundo ela, inicialmente o traficante introduziu o crack em São Paulo. “Era interessante formar um mercado consumidor para esta droga, visto que a rápida duração do efeito assegurava amplo mercado consumidor”. De acordo com Nappo, a baixa expectativa de vida e o comportamento desfuncional dos chamados pedreiros fez os traficantes recuarem por algum tempo, até identificarem uma solução. Atualmente o tráfico encontrou na mistura da pedra à maconha uma opção de venda mais compensadora, pois reduz os efeitos negativos, inicialmente associados aos usuários, como a morte prematura o descontrole emocional. “Fazendo uso associado, atualmente temos registro de usuários que sobrevivem até 10 anos, o que demonstra uma adaptação aos efeitos da droga ”, concluiu.
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