Metade dos universitários experimentou droga ilícita
Levantamento inédito da Senad apontou que avanço dos entorpecentes ilegais supera até o do cigarro
Uma pesquisa inédita traça um retrato preocupante do avanço das drogas entre os universitários brasileiros. Conforme a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 48,7% dos estudantes já experimentaram droga ilícita pelo menos uma vez na vida.
O índice da Região Sul se aproxima da média nacional: 47,4%
Quase 18 mil alunos das 27 capitais responderam ao questionário. A sondagem evidencia que as drogas ilícitas são até mais populares do que o cigarro, experimentado por 46,7% do total. Entre substâncias permitidas ou não, o álcool lidera com 86,2%.
– Abuso de álcool não é diferente da população brasileira adulta. O que chama a atenção é a experimentação de drogas ilícitas – destaca o diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da UFRGS (que ajudou na pesquisa), psiquiatra Flávio Pechansky.
O estudo mostra que o crack já entrou na lista das drogas experimentadas pelos alunos de universidades, respondendo por 1,2% do total. Os Estados do Sul apresentam o segundo pior índice, logo atrás do Sudeste.
– O crack tem aparecido em um outro tipo de ambiente, não só o da adolescência da classe baixa. A potência da droga passa por cima do esclarecimento – analisou Pechansky.
As experimentações e descobertas do final da adolescência e início da idade adulta, faixa etária predominante dos universitários, são citadas na pesquisa como um motor para provar entorpecentes. Mas há outros motivos que levam os universitários a procurar as drogas, segundo o psiquiatra:
– O ambiente universitário incentiva. A situação de estar em meio a jovens da mesma idade, submetidos a um sistema de estresse, com provas, pode levar os estudantes a usar substâncias que reduzam seu desconforto.
O levantamento ainda apresenta outros dados inquietantes sobre o exagero no álcool. O estudo aponta que um em cada cinco universitários brasileiros está sob risco de desenvolver dependência. Um em cada quatro universitários respondeu ter bebido cinco ou mais doses (para homem) e quatro ou mais doses (para mulheres) em um período de duas horas nos 30 dias anteriores ao teste.
– Quanto mais precoce o uso de álcool, maiores as chances de dependência – disse o médico Arthur Guerra, um dos responsáveis pelo levantamento, à Agência Folha.
Fonte: Jornal Zero Hora, 24 de junho de 2010