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Liberação de 11 mil presos preocupa São Paulo

A intenção do governo de São Paulo em liberar cerca de 11 mil presos dos regimes aberto e semi-aberto para passar o Dia dos Pais em casa causou reações contrárias e colocou autoridades da segurança em alerta. Desde a madrugada de segunda-feira, criminosos ligados à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) promoveram cerca de 150 ataques no Estado, o que fez aumentar o temor de mais violência. A Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo informou, nesta terça-feira (8/8) que os presos devem ser liberados a partir das 7h30min de sexta-feira. O número representa quase 10% do total de detentos no Estado. Na última vez em que o benefício foi concedido, no Dia das Mães, presos liberados acabaram se envolvendo em atentados contra agentes de segurança.
09/08/2006 Atualizada em 21/07/2023 11:01:00
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A intenção do governo de São Paulo em liberar cerca de 11 mil presos dos regimes aberto e semi-aberto para passar o Dia dos Pais em casa causou reações contrárias e colocou autoridades da segurança em alerta. Desde a madrugada de segunda-feira, criminosos ligados à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) promoveram cerca de 150 ataques no Estado, o que fez aumentar o temor de mais violência. A Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo informou, nesta terça-feira (8/8) que os presos devem ser liberados a partir das 7h30min de sexta-feira. O número representa quase 10% do total de detentos no Estado. Na última vez em que o benefício foi concedido, no Dia das Mães, presos liberados acabaram se envolvendo em atentados contra agentes de segurança.


Durante a tarde, o chefe do Ministério Público paulista, procurador Rodrigo Pinho, reuniu em seu gabinete – no mesmo prédio atingido por uma bomba na madrugada de segunda-feira – 43 promotores que opinam junto aos juízes sobre quais presos têm direito a saídas.  Pinho não falou à imprensa, mas ZH apurou que ele optou por uma posição cautelosa. Nem endossou a idéia de vetar em massa a saída de 11 mil presidiários, nem quer manter a tradição de liberar para visitas todo esse contingente de presos, como ocorre há duas décadas. Pinho defende que 115 presos ligados ao PCC não devem ganhar o benefício. Com relação aos demais, cada promotor teria autonomia para opinar.


Governador voltou a recusar ajuda de tropas do Exército


Em meio à discussão de liberar ou manter na cadeia os presos, o governador paulista Cláudio Lembo decidiu não pedir socorro ao adversário Lula em época eleitoral e recusou, nesta terça-feira, ajuda do Exército contra a nova onda terrorista do PCC. Lembo disse que aceita equipamentos de escuta e helicópteros dos militares, mas não precisa de tropas federais nas ruas da maior cidade da América do Sul.


A série de ataques do PCC, a terceira este ano, começou a refluir na terça-feira. Da madrugada ao anoitecer aconteceram 45 ataques, o que mostra que a tática é mesmo avanço e recuo no estilo guerrilheiro. Contribuiu para o retrocesso dos bandidos o forte policiamento nas ruas. O governador Lembo suspendeu as férias e folgas dos 140 mil policiais civis e militares. A investida policial resultou na morte de seis suspeitos e na prisão de 12.


A Capital viveu um dia de relativa tranqüilidade. O PCC concentrou fogo no Interior. Uma bomba foi jogada contra a Câmara de Sumaré, outra contra a prefeitura de Miguelópolis, onde uma igreja evangélica também foi alvo de bomba caseira.


Na Capital, por uma hora o PCC parou o coração da cidade. Garis encontraram junto a um chafariz desativado da Avenida 9 de Julho, uma das principais artérias, uma granada militar. A explosão poderia atingir o Museu de Artes de São Paulo, a Faculdade Getúlio Vargas ou o Hospital 9 de Julho. Peritos detonaram o artefato, mas o trânsito teve de ser desviado, causando congestionamento.


"Por mim os presos não saem no Dia dos Pais"


Entrevista: Dimitrius Eugênio Bueri, promotor de São Paulo


 A gota d"água que precipitou a terceira onda de terrorismo patrocinada pelo PCC foi um canetaço do promotor Dimitrius Eugênio Bueri, 43 anos, que atua na Vara de Execuções Criminais de São Paulo. Em despacho à Justiça, ele recomendou que nenhum dos 900 presidiários da Capital que requisitaram visita a familiares receba o benefício. Há 14 anos na área criminal, o promotor teme que os presos usem a folga para promover atentados, como em maio, no Dia das Mães. "A reivindicação de liberdade dos presos não pode se sobrepor aos direitos de segurança da sociedade", disse Dimitrius em entrevista a ZH:


Zero Hora – Por que o senhor quer manter trancado 900 presidiários que afirmam que têm direito de visitar familiares no Dia dos Pais?
Dimitrius Eugênio Bueri –
Ao contrário do que muitos advogados alegam, esse não é um direito legal dos presos

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