Jefferson e Corrêa tentam reeleger <br> prole e Dirceu apóia turma
Há um ano, os deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e Roberto Jefferson (PTB-RJ) presidiam seus partidos e eram incluídos entre os mais influentes próceres da bancada governista no Congresso. Cassados juntamente com o outrora poderoso José Dirceu (PT-SP), Corrêa e Jefferson tentam dar seqüência às próprias dinastias políticas com a eleição dos filhos.
O caso mais notório é o de Jefferson, pivô da crise política que atingiu o Planalto ao denunciar o pagamento de deputados em troca de apoio em votações importantes para o governo. Aos 31 anos, Cristiane Brasil é a única dos três filhos de Jefferson a seguir a carreira parlamentar. Vereadora no Rio, a primogênita construiu seu patrimônio eleitoral basicamente sobre duas categorias: aposentados e idosos. Teatral e incisiva, Cristiane teve papel destacado nas recentes inserções partidárias do PTB no rádio e na TV. E preserva o mesmo cacoete do pai para criar factóides. Nesta quarta-feira (14/6), data em que Jefferson comemora 54 anos e se completa um ano de seu bombástico depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, por iniciativa de Cristiane a Câmara do Rio entregará ao deputado cassado a Medalha Pedro Ernesto, mais alta comenda do Legislativo fluminense. Além de Cristiane, Jefferson tentará eleger o genro, Marcus Vinícius Ferreira, o Nescau. "A eleição dela e do Marcus Vinícius é um jeito de eu permanecer na política e de eles me protegerem. Preciso de uma estrutura que me permita fazer pressão. Tenho prestígio popular, mas nenhum poder formal", justificou Jefferson no lançamento das candidaturas.
Apesar de ter deixado a presidência do PTB logo após o estouro do escândalo, Jefferson mantém a ascendência intacta. Participa de reuniões, discute o comportamento da bancada em votações e ainda luta na Justiça para reaver os direitos políticos. "Ele tem militado como sempre. Está construindo um espaço para o futuro, na expectativa de voltar à vida parlamentar. Cristiane é aguerrida como o pai, e estamos contando com a eleição dela", diz o senador Sérgio Zambiasi.
Filho de Corrêa foi investigado pela CPI dos Combustíveis
Se o homem-bomba do mensalão não deve encontrar dificuldades para eleger a filha, o mesmo não se pode dizer de Pedro Corrêa. Sem o prestígio político de outrora, o ex-presidente do PP foi o único deputado acusado de receber o mensalão a ser cassado.
Apontado como integrante da Máfia dos Combustíveis – esquema de fraudes fiscais e de adulterações de derivados de petróleo –, Corrêa faz parte de uma das mais tradicionais oligarquias pernambucanas. Seu filho, Fábio Corrêa Neto, é dirigente do PP em Pernambuco, mas até agora nas urnas só conseguiu uma suplência de deputado estadual.
Único dos três cassados a não ter parente candidato à Câmara, nem por isso o ex-deputado José Dirceu (PT-SP) estará menos presente no pleito deste ano. Ele tenta constituir uma espécie de reserva particular no interior da bancada do PT por meio da eleição de aliados, como João Paulo Cunha, José Mentor, Professor Luizinho (todos absolvidos da acusação de receber do valerioduto) e Angela Guadagnin.
Data: 14/06/2006
Fonte: Jornal Zero Hora