Homem jovem e de baixa renda seria o perfil básico do usuário de crack, diz psiquiatra
A primeira atividade desta quarta-feira, depois da conferência de abertura do I Congresso Internacional Crack e Outras Drogas contou com a participação do psiquiatra Flávio Pechansky, diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da UFRGS. Ele abordou as pesquisas sobre crack no Brasil e no mundo, ressaltando a situação atual da questão e os pontos a serem melhorados para o futuro. Pechansky observou que o surgimento da droga não é recente, como muitos pensam.
Desde os anos 1970 se tem relatos de seu uso. Entretanto, as primeiras menções ao tratamento de viciados só ocorrem em 1985. Já no Brasil, apenas em 1994 surgiram apontamentos a respeito do crack. Os estudos, portanto, ainda são escassos e incompletos. “Em grande parte das pesquisas feitas, percebeu-se que o crack está relacionado a grupos específicos. O perfil do usuário é de um homem jovem e de baixa renda”.
Conforme o pesquisador, o fato de a droga ser consumida frequentemente em latas causa um elevado nível de alumínio no sangue. Por conta disso ocorre o aparecimento de diversas doenças. Além de problemas no pulmão, o índice de HIV nos usuários é maior do que em outras pessoas.
Também podem ser registradas alterações neuropsicológicas na atenção, na memória e na linguagem. Flávio Pechansky apresentou uma pesquisa que aponta uma grande mortalidade entre os dependentes, causada, principalmente, por homicídios e AIDS.
A rotina do usuário de drogas, conta ele, pode ser retratada por um ambiente de alta violência e dependência financeira do tráfico. Além disso, o acesso à saúde é rudimentar.
Entre as medidas propostas por Pechansky está o Projeto Ações Integradas, que visa identificar os programas de prevenção já existentes e buscar diagnóstico, tratamento e reinserção social. As prioridades, para ele, são a integração das redes de atendimento à saúde, a educação e a padronização do tratamento.