Debate sobre desarmamento movimenta a Amprgs
Defensores de posições diferentes em relação ao referendo de 23 de outubro, o procurador de Justiça Gilberto Thums e o consultor em segurança pública e direitos humanos Marcos Rolim suscitaram polêmicas no “Desarmamento em Debate”, realizado na noite desta quinta-feira (25/8), na sede da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Amprgs), em Porto Alegre. Mais de 50 pessoas lotaram a sala de reuniões para ouvi-los. Na platéia, estavam o subsecretário da Secretaria Estadual da Justiça e Segurança, Fábio Medina Osório; o coordenador do Centro de Apoio Criminal, Eduardo Veiga; e representantes da Polícia Civil e de ONGs como Teia – Instituto de Cidadania e Direitos Humanos.
O professor universitário Gilberto Thums iniciou sua fala com uma irônica constatação: “Pela primeira vez, a sociedade civil e a população carcerária têm a mesma opinião. Os presos vão votar a favor do desarmamento. Afinal, não encontrarão resistência para cometer crimes como seqüestros e homicídios”. Caso o comércio de armas de fogo e de munição acabe mesmo proibido, ele afirma que, com a justificativa de fazer o controle da segurança pública, os cidadãos ordeiros e trabalhadores serão os principais prejudicados. “Não é arma que mata. É o cidadão. Se facas de cozinha por si só matassem, as casas virariam um mar de sangue”, emendou Thums.
Em síntese, para o procurador, as principais dificuldades do Estatuto do Desarmamento são o exagero no controle e a desproporção das penas. “É necessário separar quem representa um perigo social do cidadão comum e flexibilizar o acesso à população ordeira, sem antecedentes criminais”, concluiu Thums.
Já o ex-deputado federal Marcos Rolim acredita que, para a construção responsável de uma posição sobre o assunto, é imprescindível refletir sem preconceitos. “Trata-se de um tema complexo. Não há consenso entre pesquisadores e criminalistas”, argumenta o jornalista que por mais de um ano, morou em Oxford, na Inglaterra, onde desenvolveu uma pesquisa sobre o assunto “Experiências Exitosas de Segurança Pública”, na Oxford University. É necessário cuidado para não acabar vitimado pelo que ele chamou de “ideologização” do tema, como o raciocínio de que mais armas produzirão mais segurança. “Não se pode esquecer que a população está desarmada, pois 95% das pessoas não possuem armas”, quantificou o consultor.
Rolim lembrou, por exemplo, que, nos próximos dias, deverá desembarcar no Brasil o presidente da Associação Nacional do Rifle, o ator norte-americano Charlton Reston: “Certamente, ele vai fazer um lobby em defesa da indústria armamentista”, antecipou.
Atenção
A pesquisa desta edição do Réplica On-Line reproduz exatamente a pergunta que será feita no referendo de 23 de outubro: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil”. Não deixe de responder.