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Ato injustificável

A invasão da Câmara de Deputados por militantes do autodenominado Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) caracterizou na tarde de ontem uma inadmissível agressão à democracia e ao parlamento brasileiro. O episódio, concretizado mediante uso da força, com a agressão a funcionários da Câmara e vandalismo contra as instalações de um prédio que é da nação, representa uma extrapolação condenável do direito de manifestação e de protesto. Nenhuma reivindicação, por mais legítima e defensável que seja, justifica a violência e a agressividade demonstradas pelos manifestantes de ontem.
07/06/2006 Atualizada em 21/07/2023 11:01:11
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Leia, abaixo, o editorial do Jornal Zero Hora, publicado nesta quarta-feira (7/6).


A invasão da Câmara de Deputados por militantes do autodenominado Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) caracterizou na tarde de ontem uma inadmissível agressão à democracia e ao parlamento brasileiro. O episódio, concretizado mediante uso da força, com a agressão a funcionários da Câmara e vandalismo contra as instalações de um prédio que é da nação, representa uma extrapolação condenável do direito de manifestação e de protesto. Nenhuma reivindicação, por mais legítima e defensável que seja, justifica a violência e a agressividade demonstradas pelos manifestantes de ontem.


O Congresso é, nas democracias, o poder que por excelência representa a vontade popular. Nessa condição, é um poder desarmado, cuja defesa é feita não por contingentes armados, mas pela força que deriva da autoridade política que as urnas conferem. Invadir uma instituição como a Câmara não representa, pois, nenhuma façanha. Pelo contrário. Antes de demonstrar coragem, os manifestantes exibem prepotência e insensibilidade, escondendo uma vocação totalitária por trás de gestos de intolerância e até de covardia. Ao agredirem funcionários desarmados e depredarem salas e corredores, mais do que protestar, os autores dessas ações esconderam-se no anonimato da multidão para inscreverem-se como arruaceiros.


Agiu corretamente a Mesa da Câmara de Deputados ao decidir pela manutenção da sessão que estava em andamento. Ao fazê-lo, deu a melhor resposta contra a prepotência dos manifestantes. Isso não significa, no entanto, que os responsáveis pela invasão e pelos excessos cometidos não devam ser identificados e punidos na forma da lei. Houve crime contra a democracia e seus representantes, vandalismo contra prédios públicos, agressão e ferimento de algumas dezenas de pessoas e excessos do direito de manifestar-se.


A Câmara de Deputados, cuja imagem vem sofrendo desgaste em razão de envolvimento de parlamentares nos escândalos que desde o ano passado têm envergonhado o país, teve ontem um comportamento que lhe rendeu pontos junto à opinião pública. Os deputados souberam enfrentar com altivez e coragem uma afronta que, mais do que ao poder, era à democracia. De resto, a invasão patrocinada por movimentos radicalizados demonstra a infantilidade política que ainda vigora em tais agrupamentos. Uma democracia minimamente amadurecida não pode conviver com tais atos, nem justificá-los sob qualquer argumento.


O Congresso Nacional sentiu na própria carne uma agressão que, infelizmente, não tem sido incomum no país. O fechamento de estradas, a ocupação de prédios públicos e a invasão de propriedades são excessos que, como a invasão da Câmara, precisam ser condenados. Em nome dos direitos de todos.


Lição
A prisão dos manifestantes, decretada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, abre um precedente exemplar na punição de invasores e depredadores.



 

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