Absolvidos em processo de cassação <br> apostam em reeleição em outubro
Dispostos a superar o desgaste sofrido com a crise política, os petistas envolvidos no escândalo do mensalão apostam na memória curta e na fidelidade do eleitorado para renovar o mandato na Câmara. Apesar de evitar comentar as acusações de que receberam dinheiro do esquema comandado pelo empresário Marcos Valério, eles mantêm praticamente intacta a influência que exercem dentro do partido.
"Mensalão? Que mensalão?", desconversou José Mentor (SP) no sábado, durante a convenção do PT paulista que confirmou seu nome na lista de candidatos da legenda à Câmara. Além de Mentor, irão tentar a reeleição João Paulo Cunha e Professor Luizinho, ambos por São Paulo, João Magno (MG), Josias Gomes (BA) e Paulo Rocha (PA), todos listados no rol do valerioduto. Como teve os direitos políticos cassados por oito anos, o sétimo petista envolvido, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu não poderá disputar a eleição. Dirceu, no entanto, segue prestigiado pelo Planalto. Conversa freqüentemente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e irá atuar nos bastidores da campanha presidencial.
Outro importante líder partidário chamuscado pelo mensalão que mantém a influência no PT é João Paulo Cunha. Além de ter sido decisivo na vitória de Aloizio Mercadante na prévia que escolheu o candidato petista ao governo de São Paulo, João Paulo também é próximo de Lula. O presidente pretende anunciar em julho a criação da Universidade Federal de Osasco, situada na base eleitoral de João Paulo e mola propulsora de sua candidatura.
Até mesmo petistas de menos brilho, como Paulo Rocha, mantêm sua seara de atuação junto ao governo. Rocha, que renunciou para não ser cassado, circulou como interlocutor do governo durante a Marcha dos Prefeitos a Brasília, em abril, e há uma semana ocupava a primeira fileira de poltronas em uma solenidade no Palácio do Planalto.
O PT não só permitiu a cessão de legenda dos mensaleiros, como estendeu a bênção ao ex-presidente José Genoino – que recebeu o cobiçado número 1313 – e ao ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. A decisão revoltou os integrantes do Conselho de Ética. Até mesmo petistas condenaram o aval às candidaturas. " Essa é uma questão de cada Estado, mas sou contrário à concessão da legenda nos casos em que ficou comprovado o desvio de conduta dos parlamentares", criticou o deputado Antonio Carlos Biscaia (RJ).
O presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), alertou os petistas para um eventual fracasso nas urnas. "O Conselho de Ética mostrou em detalhes tudo o que aconteceu. A sociedade está acompanhando esse processo, e irá puni-los", advertiu o presidente do órgão.
Data: 14/06/2006
Fonte: Jornal Zero Hora