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Painel Educação - Eduardo Ely Mendes Ribeiro
O psicanalista Eduardo Ely Mendes Ribeiro, terceiro painelista do encontro, fez um passeio desde a Grécia antiga e a preocupação daquele povo com a educação até as mudanças de valores, conceitos e posturas do indivíduo no mundo contemporâneo. Nessa viagem, procurou mostrar as dificuldades em trabalhar a questão do ensino, por conta do contraditório isolamento em que vivemos em um mundo globalizado.
O psicanalista Eduardo Ely Mendes Ribeiro, terceiro painelista do encontro, fez um passeio desde a Grécia antiga e a preocupação daquele povo com a educação até as mudanças de valores, conceitos e posturas do indivíduo no mundo contemporâneo. Nessa viagem, procurou mostrar as dificuldades em trabalhar a questão do ensino, por conta do contraditório isolamento em que vivemos em um mundo globalizado. “Cada época tem suas questões em relação à educação. No nosso tempo, estabelecemos um quase radical rompimento com o passado. Uma pretensão de autonomia inédita. Surge, também, uma forte marca individualista. Essas características da modernidade são responsáveis pelo nosso progresso e por muitas das dificuldades que enfrentamos.
Avança a ciência, mas as relações sociais se tornam muito efêmeras”, observou Ribeiro. Segundo ele, embora a modernidade tenha enfatizado o valor de igualdade, de direitos, de deveres, de direito de cidadania, por outro lado, isso também nos deixou mais sós. Depressão e ansiedade se tornaram fenômenos mais freqüentes. O aumento do grau de liberdade traz consigo a necessidade de produção de referências e valores que orientem os nossos investimentos.
Se abrimos mão de toda aquela ordem que nos determinava, temos de criar uma nova ordem, destacou. “Há dificuldade, numa sociedade como a nossa, de colocar como telos um objetivo que seja coletivo, e não individual. Como é que nós, num mundo individualista, conseguimos nos orientar pela produção de um bem que seja comum a todos? Nesse contexto, o que se espera do processo educacional? O que se transmite? Que saber é esse que pretendemos transmitir às gerações futuras? De que forma podemos auxiliar os mais jovens a melhor se dirigir nas suas vidas?”, questionou.
Em uma sociedade pretensamente igualitária, continuou o painelista, por que alguém teria algo a transmitir a outro? Por que um professor teria algo a transmitir ao aluno, além de matérias específicas? E, por que cada um de nós, individualistas, deveria buscar conhecimento no outro? “É uma questão difícil de trabalhar. Somos todos devedores de uma herança cultural dos que nos antecederam. O que somos, devemos ao meio cultural e às gerações que nos antecederam no contexto em que vivemos. Poder reconhecer que existe valor no que as gerações anteriores têm a nos dizer é importante. Por aí passa, na minha opinião, a falta de limite dos jovens, o desrespeito aos pais, à polícia, à autoridade. Tenho dúvidas se o que precisamos para que esses valores sejam respeitados é criar leis mais fortes. Tenho dúvida se a repressão é capaz de fazer reconhecer o valor de uma herança simbólica”, finalizou.
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