A figura paterna como proteção contra as drogas
Reduzir o número de crianças sem paternidade e fortalecer a figura paterna no ambiente escolar são algumas das metas do projeto Pai? Presente!, desenvolvido em parceria entre a Promotoria de Justiça de São Sebastião do Caí, a prefeitura e a ONG Brasil Sem Grades. A proposta parte de uma premissa: o combate ao uso de drogas passa também pela concepção de um filho desejado. Conheça mais sobre essa iniciativa de combate à drogadição.
Uma série de fatores incide sobre a vulnerabilidade que leva milhões de pessoas às drogas e, na mesma esteira, ao crime. De vítimas, passam a agressores e, não raro, têm as vidas abreviadas, seja pelos efeitos da química que consomem ou por uma bala disparada de uma arma. Entre tantas circunstâncias, a ONG Brasil Sem Grades, presidida pelo empresário Luiz Fernando Oderich, buscou a parceria da Promotoria de Justiça de São Sebastião do Caí para concentrar esforços na diminuição do número de crianças sem paternidade. Desde o início deste ano, o projeto Pai? Presente! vem trabalhando para inserir nos registros de todas as crianças a identidade dos pais, desconhecidos ou negligentes.
A proposta parte de uma premissa: o combate ao uso de drogas passa também pela concepção de um filho desejado e sobre o qual os pais assumam a responsabilidade de criar e educar."A solução, portanto, passa menos pela repressão policial ou pelos bancos escolares, e muito mais pela reestruturação das famílias. Se os bebês fossem sempre desejados, os pais se comprometeriam a educar e, como consequência, o crime diminuiria", afirma Oderich.
Em São Sebastião do Caí, o plano em curso tem como foco reduzir a evasão escolar, o consumo de drogas, a delinqüência juvenil e o comportamento anti-social. É nesse contexto que atua a parceria entre o Ministério Público, a prefeitura e Brasil Sem Grades. "A partir do conhecimento do psiquiatra Sérgio de Paula Ramos, especialista em drogadição, definimos combater a ausência da figura paterna para barrar o ingresso das drogas na vida dessas crianças e adolescentes", explica o promotor de São Sebastião do Caí, Charles Emil Machado Martins.
No município, além de identificar e responsabilizar judicialmente os pais pelo pagamento de pensão alimentícia aos filhos, a Promotoria também vem tentando aproximar pais e filhos, estimulando a formação de vínculo afetivo. "Não queremos que esses pais vejam as crianças apenas como um número negativo na conta corrente, mas sim como um espelho deles mesmos, projetando um futuro melhor", acrescenta Martins.
Segundo o promotor, a intenção também é levar a figura do pai para dentro das escolas, onde, geralmente, são as mães que acompanham o desempenho dos filhos. Martins quer que os pais recebam os boletins e participem das reuniões. E pretende, se for necessário, notificar aqueles que sistematicamente deixem de acompanhar o processo educacional dos filhos. "A droga exerce tamanho efeito sobre a sociedade, atualmente, que é preciso fazer algo diferente. Caso contrário seremos derrotados", afirma.
São diferentes ações para proporcionar, nas escolas, ações prazerosas, que busquem fortalecer o vínculo do filho com a figura paterna. Por fim, àquelas crianças as quais não houver condições de atribuir-se um pai biológico ou adotivo, o projeto Pai? Presente! pretende, ao menos, proporcionar-lhe um padrinho afetivo. Iniciativa semelhante já foi feito no município de Mirassol (SP), tão somente no que tange à evasão escolar, que baixou de 20% para 0,5%.
Entre as ações preventivas do projeto, uma palestra do psiquiatra Sérgio de Paula Ramos, cujo foco é justamente a participação do pai, gravada em DVD, será ministrada em escolas, bancos, empresas e em quaisquer locais públicos que o permitirem. Nas áreas mais carentes, a prefeitura está implantando a escola de turno integral. A primeira já começou, no bairro Navegantes. A seguir virá a São Martim. O mesmo acontece quanto a apoio ao esporte.
Conheça na próxima semana outros projetos e iniciativas de combate ao crack pelo Estado.