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“100% da pasta vira crack” - Zero Hora

Roberto Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado da PF
Falando a Zero Hora, durante o encontro no Rio, o diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Roberto Troncon Filho, reforçou a necessidade da união entre os países de todos os continentes, alertou para o perigo da estigmatização e explicou o papel do Brasil na guerra contra as drogas.
28/04/2010 Atualizada em 21/07/2023 11:02:33
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Roberto Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado da PF

Falando a Zero Hora, durante o encontro no Rio, o diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Roberto Troncon Filho, reforçou a necessidade da união entre os países de todos os continentes, alertou para o perigo da estigmatização e explicou o papel do Brasil na guerra contra as drogas. Confira:



Zero Hora – As polícias de todo o mundo começaram a combater o tráfico de drogas sistematicamente em meados dos anos 80, com a popularização da cocaína. O que mudou daquele tempo para cá?

Roberto Troncon Filho – O nosso foco hoje é a neutralização das organizações criminosas. E fazemos isso de duas formas: desenvolvendo investigações de longo curso para pegar os líderes, que normalmente não ficam onde estão as drogas, e colher provas qualificadas que vão permitir uma condenação e, ainda, confiscar os bens do sujeito para processá-lo também por lavagem de dinheiro.



ZH – E como era antes?

Troncon Filho – No mundo todo, o que se fazia era interdição de drogas. Apreendia-se toneladas de drogas, mas só era preso o transportador da quadrilha. A partir da década de 90, aprovaram-se várias leis que nos deram ferramentas para ampliar e intensificar o combate a quem realmente interessa. Por exemplo, a lei que tipifica o crime organizado, a lavagem de dinheiro, a posse e o tráfico de entorpecentes, mesmo a possibilidade de fazer escutas telefônicas. Isso tudo nos permitiu tratar o tráfico como uma empresa – que é, de fato, como se comportam essas organizações criminosas. E você não fecha uma empresa pegando os funcionários, precisa chegar ao patrão.



ZH – Por ser um país de grandes dimensões, é mais difícil esse controle no Brasil?

Troncon Filho – O Brasil está fora da rota dos grandes narcotraficantes. Tanto que pegamos muito mais drogas aqui do que eles lá fora. Ou seja, estamos importando mais do que exportando. Os EUA, maior consumidor de cocaína do mundo, se abastece desde os anos 80 diretamente da Colômbia. Somos mais usados como passagens de mulas, das pessoas que levam pequenas quantidades de drogas através de aeroportos e portos. Em 2009, apreendemos nos aeroportos, ao todo, 2,15 toneladas de cocaína que estavam entrando.



ZH – E o que vem de fora que o Brasil mais consome?

Troncon Filho – Um dado interessante é que 100% da pasta básica que chega da Bolívia é utilizada para a fabricação de crack. Nem cocaína ela vira, vai direto para o crack. É um tipo de droga que, como sabemos, aumenta perigosamente seu alcance. Mas, de uma forma geral, consome-se mais maconha no Brasil.



ZH – Mas também enviamos drogas para fora, como o senhor mesmo afirmou. E qual rota seria essa que passa pelo Brasil?

Troncon Filho – O entorpecente que sai do Brasil normalmente tem como destino países africanos e, de lá, sobe para a Europa. Estamos testando um novo formato de ação bilateral com Angola, que é um país complicado e grande portal de entrada de drogas na África. Montamos uma operação para treinar policiais de lá para, em conjunto com os brasileiros, investigarmos essa ponte maléfica e chegarmos aos traficantes.



ZH – E com quais outros países o Brasil tem acordos do tipo?

Troncon Filho – Temos agentes em quase todas as nações amigas, mas planejamentos de ações conjuntas são com países que consideramos mais estratégicos, como o Paraguai, Peru e Bolívia. Países da Europa se interessaram por esse trabalho, em especial a França, que tem território além das suas fronteiras (a Guiana Francesa).



ZH – O senhor citou a França como país europeu interessado nas nossas políticas de combate ao narcotráfico. Mas não é raro latino-americanos barrados nos aeroportos europeus apenas por conta de sua proveniência.

Troncon Filho – Os europeus sabem que, se não existisse demanda, não haveria oferta. Por isso sabem que não adianta estigmatizar um país inteiro se o seu próprio país é um dos responsáveis por ele ser o que é.
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